VII - Na Itália...


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Essa história foi escrita toda em itálico por motivos óbvios.
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Rúbia na Itália
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Mondrongo tirou férias do trabalho no meio do ano e havia planejado sair em viagem com Rúbia para a Itália a fim de comemorar bodas de porcelana de seu casamento e aproveitar para conhecer suas raízes por parte de sua mãe. A terra natal da família Domiglione. Tinha esse grande desejo desde adolescente. Conhecer sua avó – ou nona - já que sua mãe sempre fez questão de familiarizá-lo com os costumes e vocabulário italianos.
Aproveitando que estava de férias, resolveu que ia conhecer toda a Itália. Preparou todo o roteiro de passeios e reservou suítes, carro, restaurantes e tudo o mais antecipadamente. Seria uma segunda lua-de-mel com Rúbia.
Danielle, a filha mais velha, ficaria cuidando das irmãs, pois já estava grande e com responsabilidade suficiente para isso, apesar de Rúbia achar o contrário.
A viagem estava marcada para o início de agosto, época de verão na Itália. A despedida foi demorada e com algumas crises de choro em frente à casa. Mas precisavam ir, pois o táxi que Mondrongo havia chamado já estava com o taxímetro ligado há cinco minutos.
- Cuidem-se direitinho, hein, meninas! – advertiu, preocupada, Rúbia.
Partiram.
Rúbia e Mondrongo nunca tinham feito uma viagem de avião tão longa. Rúbia estava ansiosa para conhecer a terra onde foi inventado o macarrão, mas decepcionou-se ao ser informada por Mondrongo que o macarrão havia sido inventado na China. Então disse:
- Vamos para a China, então!
- Rúbia! – retrucou Mondrongo – Estamos indo conhecer a terra de meus ancestrais e não onde o macarrão foi inventado!
Ela ficou um pouco emburrada, mas logo se acalmou.
Após longas horas de vôo sobre o Atlântico, chegaram ao destino. Pousaram em Roma, a Cidade Eterna, às 7 horas da manhã. Antes de qualquer coisa, Mondrongo foi retirar um carro que já havia reservado para alugar no próprio aeroporto e que ia devolver em Nápoles, uma parada antes de onde morava sua nona, a Sicília, o ponto de retorno para o Brasil.
Com as malas no carro e um guia de ruas nas mãos, os dois dirigiram-se para o hotel onde ele havia reservado uma suíte.
Ao entrar na suíte, Rúbia ficou encantada com a decoração. Quis tomar um banho. O banheiro era, simplesmente, deslumbrante. Entrou, admirou, tirou a roupa, ligou o chuveiro, começou seu banho. Em determinado momento, chamou Mondrongo e, quando ele atendeu, ela disse:
- Mô, eu nunca fiz amor na Itália!
Mondrongo olhou, deslumbrado, para o corpo de Rúbia que reluzia à luz dos raios matutinos de sol que entravam pela janela e iluminavam aquele monumento. Seus cabelos vermelhos como fogo, seus seios empinados com as auréolas avermelhadas e com algumas sardas, sua barriguinha perfeita, seus pelos pubianos ruivos cobrindo sua vulva, suas pernas muito bem torneadas, seus pezinhos pequenos como bisnaguinhas de pão o deixaram tão para cima que começou a tirar suas roupas em uma velocidade que quase as rasgou.
Entrou correndo debaixo do chuveiro e fez amor com Rúbia como um louco. Ela gritava alto e Mondrongo não pode agüentar por muito tempo, chegando rápido ao clímax e perdendo as forças, teve de sentar-se no chão. Rúbia terminou seu banho, deu-lhe um beijo de tirar o fôlego e foi vestir-se, deixando-o sozinho para recuperar-se.
Após Mondrongo ter se recuperado, desceram ao hall do hotel para tomarem café da manhã. Rúbia queria comer pizza da Itália e Mondrongo disse:
- Rúbia, sossega! Isso não é hora de comer pizza e as pizzas de São Paulo são muito melhores que as daqui, mas de noite a gente come, tá?
Rúbia fez beicinho, mas aceitou.
Saíram para conhecer Roma. Tiraram várias fotografias. Rúbia quis que Mondrongo tirasse uma dela em frente ao Coliseu. Ela posicionou-se e, como gosta muito de Heavy Metal, colocou a mão esquerda em frente ao corpo, voltada para cima e com os dedos indicador e mindinho levantados, fazendo o gesto, inventado por Ozzy Osbourne, que representa o demônio.
Muitas pessoas que passeavam pelo local davam risadas, outras passavam rápido e se afastavam. Mondrongo tirou a fotografia o mais rápido que pode para não passar mais vergonha. Após o clique, Rúbia disse a ele:
- Nossa, que povo preconceituoso! – e completou – Será que aqui não tem Heavy Metal?
- Ai, amor! – respondeu Mondrongo – é que aqui, na Itália, esse sinal que você fez, significa ‘cornuto’, ou seja, foi o mesmo que você me chamar de corno.
- Ai, desculpa, amor, eu não sabia!
- Tudo bem! Vamos andar mais um pouco.
- Isso! Por que eu ainda quero conhecer a Torre Eiffel. – disse Rúbia muito feliz.
- Aai, Rúbia! A Torre Eiffel fica em Paris, na França. – continuou Mondrongo – Aqui só tem a Torre de Pisa.
- Caramba! – respondeu Rúbia – Acho melhor eu ficar quieta, só tô dando furo.
Mondrongo deu risada e os dois continuaram seu passeio.
Chegada a hora do almoço, foram a um restaurante chamado ‘Dom Armando’. Sentaram-se a uma mesa próxima à janela. Mondrongo, em bom italiano, pediu o cardápio ao garçom e perguntou a Rúbia, em mau português:
- Que qui cê vai querê, amor?
- Pizza! – respondeu.
- Não, Rúbia, de noite a gente come pizza! – advertiu Mondrongo, e determinou – Vamos comer nhoque.
Enfezada, Rúbia disse:
- Eu quero pizza agora, se você quer outra coisa, então peça só para você!
- Isso não é hora para comer pizza. – disse Mondrongo.
- Há, há! Como se para comer pizza existisse hora determinada! – irritou-se Rúbia.
Mondrongo, com cara de cachorro molhado, disse:
- Amor! Custa você comer comigo o mesmo prato? É o nosso primeiro almoço na Itália.
Rúbia comoveu-se com o ar de romantismo de Mondrongo e aceitou comer nhoque. Para acompanhamento pediram vinho rosê.
Após o almoço, passearam mais um pouco, conheceram alguns pontos turísticos e alguns dos mais belos e importantes monumentos da história da humanidade, tiraram mais fotos e voltaram para o hotel para descansarem um pouco antes de jantar.
Por volta das 20 horas, desceram ao restaurante do hotel para jantar. Mondrongo perguntou:
- Vai querer pizza de quê, Rú?
- Pizza romana, né, amor! Nós não estamos em Roma? – respondeu Rúbia.
Pediram, comeram, riram, brigaram, riram mais um pouco e subiram para o quarto. Rúbia, empolgada, disse:
- Ai, Mô, liga a televisão que eu quero assistir a novela. O Cassiano vai pedir a Florice em casamento.
- Aqui não passa as novelas que passam no Brasil. – respondeu Mondrongo.
- Então vamos a algum lugar que passe. – suplicou Rúbia.
Mondrongo fez cara de desconsolo com a boca torta para o lado direito. Rúbia olhou para ele, demoradamente, e disse:
- Então eu quero dormir!
E dormiu de verdade não dando tempo para Mondrongo dizer que queria fazer amor com ela. Ele então resolveu ir ao banheiro para masturbar-se e assistir televisão até ficar com sono.

***


Como Mondrongo decidiu conhecer a Itália toda, não tinham muito tempo para ficar num só lugar, afinal estavam com o carro que ele alugou e não de avião. Passaram rapidamente para conhecer o Vaticano e depois seguiram em direção ao norte do país, apreciando as belas paisagens em redor das estradas.
Algumas paradas estratégicas já estavam agendadas em seu roteiro.
Foram para Florença. Uma passagem rápida, mas inesquecível, pois Florença é o berço do Renascimento italiano e de algumas das manifestações mais impressionistas da genialidade humana, conforme explicava Mondrongo para Rúbia. Ele explicou também que lá estão reunidas muitas obras-primas da arquitetura e da arte.
Foram, então, conhecer a Catedral Duomo. Mondrongo quis entrar para agradecer a Deus a oportunidade que estavam tendo de conhecer a Itália e usufruir todo aquele passeio a dois que há muito não acontecia por conta de terem filhas pequenas.
Agradeceram e partiram para a estrada novamente. Sempre que estavam no carro, Rúbia pegava na orelha de Mondrongo, enquanto ele dirigia. Ela adorava a orelha gelada dele.
Chegaram a Pisa. Foram até a Praça dos Milagres, que é o ponto turístico mais importante da cidade, para conhecerem a Torre. Então Mondrongo falou:
- Agora você poderá conhecer a Torre de Pisa.
Rúbia ficou espantada com sua beleza e disse:
- Nossa! Ela é torta mesmo!
- Claro, né, Rúbia! – criticou Mondrongo e explicou: - Ela começou a inclinar no início de sua construção, quando estava no terceiro andar. Tentaram fazer andares menores no lado mais baixo para corrigi-la, mas não adiantou, ela continuou inclinada.
- Mas por que eles não pararam, então? – questionou Rúbia, encantada com o conhecimento de seu marido sobre o assunto.
- Ah! Aí eu não sei, né? – voltou a explicar. – Ela foi projetada para abrigar o sino da catedral. Acredito que não quiseram desistir de erguê-la ou não puderam...
Rúbia olhou para cima e disse:
- Hoje ela tem oito andares, né? Podemos subir lá?
- Claro! Já agendei horário e tudo! – respondeu Mondrongo já ganhando um beijo apaixonado de Rúbia.
- Ela é torta igual uma coisa que eu conheço! – ironizou Rúbia.
Mondrongo não respondeu.
Subiram até o último andar e como duas crianças começaram a brincar que estavam caindo devido à inclinação. Riram bastante, apreciaram a vista que sua imponência proporcionava, curtiram o clima romântico e Rúbia começou a excitar-se. Apoiados sobre a grade de proteção do oitavo andar e olhando a paisagem, Rúbia começou a passar a mão na frente das calças de Mondrongo e ele disse:
- Não, Rúbia, aqui, não!
- Por quê? Tá com medo que a gente balance tanto a Torre que ela incline mais? – perguntou, ironicamente, Rúbia.
- Não é isso! É porque tem mais gente aqui!
- Nem me importo! Ele já está me querendo! – respondeu Rúbia, rindo e apontando as calças dele.
- Vamos almoçar! Vem... – ordenou Mondrongo.
E foram a um restaurante bastante típico, com aparência de cantina. Veio um garçom para entregar o cardápio e colher o pedido. Mondrongo pediu macarrão talharim com linguiça toscana, já que estavam na região Toscana da Itália, ou próximo. Rúbia resolveu seguir o pedido do esposo. Para beber, pediu um vinho tinto suave da casa. Tudo isso, graças ao bom italiano que Mondrongo falava.
Quando o garçom se afastou, Rúbia, ainda excitada, ergueu um pé e o colocou entre as pernas de Mondrongo. Ele pediu para que ela parasse com isso e colocou o pé dela para fora de sua cadeira.
Rúbia, não se dando por vencida, olhou para os lados e, aproveitando que a toalha xadrez de verde, branco e vermelho da mesa a cobria por inteiro, desceu da cadeira e entrou debaixo da mesa. Mondrongo não sabia o que estava acontecendo até sentir as mãos de Rúbia abrindo o zíper de suas calças. Começou puxar a toalha para poder enxergá-la e tentar impedi-la, o mais rápido que pode, mas não foi suficiente. Ela já estava com a boca nele.
Mondrongo ainda disse baixinho:
- Rúbia!
- Shhh! – ela fez com o dedo em riste em frente à boca e continuou. Sabia que isso ele não ia recusar.
Mondrongo estava ficando fora de si. Agarrou as duas pontas da mesa mais próximas de suas mãos e baixou a cabeça. O garçom chegou com o vinho e disse:
- Senhor, o vinho! – relutou – O senhor está bem? [traduzido do italiano]
- Sim, tudo bem! – respondeu em português.
Sem entender, o garçom perguntou em italiano:
- Sua companheira?
- Ela está aqui... – responde Mondrongo, novamente em português e, já sentindo um tapa no joelho, conserta: - Ela foi ao banheiro. [traduzido do italiano]
- Posso servir? – pergunta o garçom, novamente, em italiano.
- Sim, claro! Agradecido! [traduzido do italiano]
O garçom se afasta e Rúbia continua debaixo da mesa. Mondrongo não aguenta mais, agarra forte nos cantos da mesa, amarrotando a toalha entre seus dedos e Rúbia aguenta as consequências de seu ato.
Ela sai de baixo da mesa, olhando para os lados para que ninguém a veja, mas foi impossível. Algumas pessoas viram. Mas ela foi prevenida. Estava com um brinco na mão e o mostrou para o Mondrongo assinalando que o havia achado, colocou-o na orelha novamente.
Mondrongo, enquanto fechava o zíper de suas calças, viu que Rúbia estava com a boca cheia, e ficou com os olhos arregalados, preocupado com o que ela iria fazer agora. Ela, então, pegou a taça de vinho e a bebeu inteira para ajudar a engolir o que tinha na boca.
- Você é louca! – disse ele.
- Mas você gostou, né, safadinho!? – ironizou Rúbia, limpando a mão direita que estava lambuzada de si mesma.
Mondrongo não respondeu e deu um sorrisinho.
O almoço chegou e Rúbia disse:
- Mas eu não queria isso!
- Você pediu a mesma coisa que eu. – lembrou Mondrongo.
- Ah! Eu nem conseguia pensar de tão excitada que esse país me deixa, mas tudo bem, parece delicioso! E eu estou com uma fome de leão!
Almoçaram felizes, brincaram, riram, terminaram e foram passear mais um pouco.
Rúbia estava, cada vez mais, encantada com as belezas históricas daquele país, com o conhecimento de Mondrongo sobre várias coisas de lá, com os belos hotéis, com as pizzas típicas de cada região, que fazia questão de experimentar (quase todas as noites, Mondrongo foi obrigado a jantar pizza) e com tudo que ele havia reservado e planejado sem ela sequer desconfiar até dias antes de ele anunciar a viagem.
A próxima parada relevante foi em Milão. Mondrongo explicou que esta é a cidade mais rica da Itália e um grande centro industrial, comercial e financeiro europeu desde a Idade Média. Foram, então, conhecer o símbolo desta cidade, o Duomo, o maior exemplo de arquitetura gótica da Itália.
- Nossa! Como é lindo! – observou Rúbia de boca aberta.
- A construção dela demorou mais de 500 anos. – observou um quase intelectual Mondrongo e ganhou mais um beijo apaixonado.
Ficaram apreciando sua beleza por horas, conversaram, comeram pipoca de um tiozinho com carrinho, tiraram fotos, passearam bastante. Todos aqueles dias pareciam mágicos.
Rúbia lembrou que o São Paulo, seu time de futebol do coração, já disputou uma final do Mundial de Clubes contra o Milan, time de futebol local, e ganhou. Mondrongo concordou e ficou quieto, pois é corintiano e sabe que seu time nunca foi campeão mundial de verdade.

***


Continuando o passeio, seguiram beirando os Alpes que separam a Itália da França, Suíça e Áustria, para chegarem em seu próximo destino. Talvez o mais romântico de todos. Talvez a cidade que mais inspire sonhos. Veneza.
Rúbia quase não acreditou no que estava vendo quando chegaram. Era, simplesmente, magnífico. Tudo era lindo naquela cidade, os canais, as pontes em arco, as gôndolas.
Rúbia agarrou no pescoço de Mondrongo e começou a pular dizendo:
- A gente pode andar de gôndola? Diz que sim! Diz que sim! Por favor! Diz que você reservou uma para nós! Hein!? Hein, amor!?
- Calma, Rúbia! – disse Mondrongo rindo. [adorava quando ela fazia isso!] – Eu reservei sim! Para daqui uma hora.
- Ai, não sei se vou resistir tanto tempo. – disse Rúbia fazendo beicinho de emburrada.
- Calma, vamos aguardar nossa vez!
- Vamos ver umas venezianas, então? – ela propôs.
- Você está brincando, né? – inconformou-se Mondrongo.
- Então vamos comer pizza! – Rúbia propôs.
- Para com esse negócio de querer comer pizza, Rúbia, eu já estou enjoado!
- Mas eu não! Eu gosto muito! – ela retrucou.
- É, eu sei! – ele concordou.
- Eu sei que você sabe, mas eu gosto de falar que gosto de comer pizza!
- É, eu também sei disso!
- Eu sei que você sabe que eu gosto de falar que gosto de comer pizza, mas eu gosto de te irritar também! – brincou Rúbia.
- Ah! Disso eu sei melhor ainda! – indignou-se Mondrongo.
- Já deu uma hora? – ela perguntou.
- Claro que não! – ele respondeu, um pouco irritado.
Rúbia fez cara de que estava adorando irritar seu marido e agarrou com força nas duas orelhas dele para sentir se estavam frias.
Continuaram conversando até que chegou a vez de eles passearem de gôndola. Entraram com a ajuda do gondoleiro, sentaram-se abraçados próximo à proa, enquanto o gondoleiro posicionava-se para começar o passeio. Rúbia estava cada vez mais deslumbrada e, quando passaram em frente a uma lindíssima igreja, que Mondrongo disse ser a Chiesa della Salute, Rúbia não aguentou e deu-lhe um beijaço de desentupidor de pias.
Ainda beijando-se, Rúbia colocou a mão de Mondrongo sobre um de seus seios. Ele puxou a mão rapidamente, abriu um dos olhos, olhou para o gondoleiro e disse a Rúbia, baixinho:
- Olha o gondoleiro aí, Rúbia!
- Deixa ele olhar. – disse ela, despreocupada.
Colocou novamente uma das mãos dele sobre um de seus seios e uma de suas mãos dentro das calças dele. Começou a ficar excitada demais e direcionou a cabeça de Mondrongo para beijar seu pescoço. Deu uma olhada para o gondoleiro; ele disfarçou, fazendo de conta que estava distraído. Tirou a mão de dentro das calças de seu marido e a colocou debaixo de sua saia. Enquanto Mondrongo beijava seu pescoço e quase descia pelos seios, ela, num grande esforço, tirou sua própria calcinha e a jogou na água.
O gondoleiro, como se fosse um goleiro que vai buscar uma bola lançada, por uma cobrança de falta, no ângulo do gol, se estica todo e, com a ajuda do remo, consegue pescar a calcinha que boiava na água e trazê-la para dentro de sua gôndola.
Rúbia abre as calças de Mondrongo, puxa para fora seu conteúdo, levanta sua saia e senta-se de frente e em cima de seu marido, que olha assustado para o gondoleiro, que disfarça novamente se fazendo de distraído. Sem conseguir pensar, Mondrongo resolve se dedicar à sua esposa. O movimento dos dois começa a se tornar intenso. O gondoleiro tem dificuldades de manter equilibrada a gôndola, mas está longe de pedir que os dois parem o que estão fazendo.
Ao terminarem, Rúbia solta um grito abafado pela própria mão, olha envergonhada para o gondoleiro, senta-se novamente ao lado de seu marido e começa olhar em volta à procura de sua calcinha. Mondrongo fecha seu zíper e pergunta o que ela está procurando. Ela responde:
- Minha calcinha.
- Você jogou na água lá atrás e nem percebeu. – ele explica.
- Ai! Eu fiquei fora de mim! – Rúbia justifica. – Mas deixa pra lá.
Deu mais um beijaço em Mondrongo. Ficaram abraçados até o final do passeio, apreciando as belas construções à beira dos canais.
Ao chegarem ao local de desembarque, agradeceram timidamente ao gondoleiro e viram que ele correu em direção aos outros gondoleiros, provavelmente para contar o que fez que não viu.
Foram a um hotel próximo para descansarem, pois os próximos dias seriam de longa viagem de volta ao sul do país.
Ao acordarem, arrumaram os objetos pessoais, foram ao saguão do hotel para tomarem café da manhã e partiram para uma viagem que demoraria alguns dias, margeando os Apeninos. Fariam paradas somente para dormir ou comer, nada de visitas turísticas até chegarem em Nápoles.
Ao longo de todo o caminho, conversavam sobre as várias referências à Itália que existem no Brasil, como por exemplo, claro, as pizzas, muitas ruas e outras localidades, outros alimentos que não fossem as irritantes pizzas, algumas marcas, entre outras coisas. Rúbia, sempre curiosa, olhava todas as placas no caminho, sempre encantada com as explicações de seu esposo e sempre pegando em suas orelhas para sentir se estavam frias.
Chegaram a Nápoles, próximo do horário de almoço e estavam mortos de fome. Foram a um restaurante e Mondrongo quis comer uma macarronada de espaguete ao molho branco e beber suco de tomate. Rúbia quis pizza napolitana e suco de laranja. Almoçaram tranquilamente, mas com Mondrongo inconformado por ver mais uma pizza diante de sua esposa. Não costumavam pedir sobremesas, mas Rúbia, dessa vez, fez questão, pois, adivinhem, queria tomar um sorvete napolitano.
Passearam um pouco pela bela Nápoles e, ao final da tarde, Mondrongo foi devolver o carro alugado na agência, pois para chegarem à Sicília, terra de sua nona, precisariam embarcar em um avião.
Conversando com a atendente, contou o que estava fazendo na Itália, suas bodas, a visita à terra de seus antepassados e ficou muito surpreso quando a locadora, por intermédio desta simpática atendente ofereceu-lhe um carro para que pudesse circular pela Sicília, como presente pelas bodas, sem custo adicional, a ser retirado logo que desembarcassem e devolvido no momento do retorno ao Brasil.
Após isso, foram logo ao hotel reservado, pois ainda estavam cansados dos dias de estrada e de poucas paradas, mas, muito contentes com o presente, fizeram amor novamente antes de dormirem.

***


A curtíssima viagem até a Sicília estava prevista para o final da manhã. Mondrongo reservou este horário, pois supôs que sua nona estaria preparando um belo almoço típico da região.
Desembarcaram, retiraram o carro extra e seguiram em direção ao endereço anotado por Mondrongo quando de um telefonema para sua mãe, que o preveniu de que não aconselhava esta visita, pois acreditava que seu filho iria decepcionar-se com sua avó, mas Mondrongo fazia questão de conhecer e ver, com os próprios olhos, o que a mãe não queria contar.
A casa localizava-se em uma área não-urbana da cidade de Palermo. Conforme se aproximavam, sentiam, cada vez mais, um clima interiorano. Ao avistar uma casinha simples, de aparência um tanto quanto simples demais para o que Mondrongo havia imaginado, ele disse, apontando:
- Pelo que estou acompanhando no roteiro, é ali!
Rúbia torceu o nariz, mas não disse nada, para não causar uma discussão com um empolgado e decepcionado neto.
Pararam, desceram do carro, Mondrongo olhou com uma feição um pouco menos alegre, espreguiçaram-se e avistaram uma senhora rondando a casa.
Mondrongo resolveu aproximar-se. Rúbia preferiu ficar um pouco mais afastada. Ele chegou próximo à senhorinha e, em italiano, perguntou se era Elba Domiglione.
A velha, um pouco corcunda, com um vestido que parecia uma montanha de retalhos, com um olho fechado e um aberto, pouquíssimos dentes na boca e pernas com varizes que pareciam que explodiriam a qualquer momento, em uma agilidade sem precedentes, sacou, com sua mão direita, um revólver calibre 38, sabe-se lá Deus de onde, e perguntou, em voz rouca, alta e com tom ameaçador, em italiano:
- Quem quer saber?
Mondrongo, quase caindo no chão e assustadíssimo, respondeu, rapidamente, em italiano:
- Eu sou Bruno Domiglione, seu neto, filho de Patríccia Domiglione, sua filha que foi para o Brasil...
A velha guardou o revólver e sorrindo, deu um abraço carinhoso em seu neto que, agora, sentiu o odor que exalava do corpo de sua avozinha e quase desmaiou.
Então ele chamou Rúbia, apresentando-a como sua esposa. Rúbia aproximou-se desconfiadíssima. A Sra. Elba falou, bem de pertinho, que Rúbia era linda e deu-lhe um beijo no rosto, deixando sua bochecha babada.
Rúbia, com a desculpa de a viagem tê-la deixado enjoada, procurou um local um pouco escondido no mato e deixou todo seu café da manhã por lá.
Ainda esperançoso de que aquela fosse somente a primeira impressão, Mondrongo pediu para entrar, pois precisava usar o banheiro. A casa era imunda, com móveis apodrecendo, uns cheiros horríveis de bolor e comida estragada espalhavam-se pelo ar e teias de aranha espalhavam-se pelas paredes. A pia da cozinha estava cheia de louças sujas, as paredes e os vidros pareciam bastante engordurados. Ao entrar no banheiro, viu algumas baratas fugindo de sua presença, o vaso sanitário não tinha assento, mas não precisaria usá-lo, somente pensou em Rúbia. Mondrongo urinou, lavou as mãos em uma água um pouco turva e enxugou-as nas calças, pois não teve coragem de pegar naquela toalha encardida, com um bordado escrito ‘salute’.
Ao sair do banheiro, percebeu que sua avó estava contando algumas coisas para uma Rúbia que não estava entendendo uma palavra sequer. Então, Rúbia falou para ele que sua avó tinha somente dois dedos na mão esquerda, o polegar e o indicador e que não estava entendendo nada do que ela dizia.
Ele resolveu perguntar se a avó teria perdido os dedos trabalhando duro na lavoura ou em casa e ela respondeu, em italiano:
- Ah, filho! Isso aqui foi a máfia italiana. Seu avô foi envolvido com a Cosa Nostra durante todos os anos de sua infeliz vida e seu tio Vicenzo também, mas agora ele está desaparecido. Os mafiosos, vez ou outra, aparecem por aqui cobrando o que seu tio ficou devendo para eles. Quando tenho algo, eu dou, quando não tenho, eles levam um dedo meu. Éramos ricos, tínhamos tudo do bom e do melhor, hoje somos miseráveis. Seu tio, às vezes, manda alguém trazer um dinheiro para eu entregar aos mafiosos, porque se ele aparecer, ele morre.
Mondrongo traduziu a estória para Rúbia que fez uma cara de espanto e nojo de tudo aquilo. A avozinha resolveu, então cozinhar algo para comerem; foi até a pia, recolheu uma panela qualquer que estava no meio das outras e foi enchendo de água. Rúbia, num acesso de desespero, levantou-se e disse:
- Deixa que eu lave para a senhora!
A Sra. Elba, sem entender, entregou a panela à moça e deu de ombros olhando para seu neto, que explicou, em italiano:
- Ela vai ajudar a senhora, sente-se, vamos conversar...
E a velha começou a contar novas antigas estórias de sua família a seu neto.
Rúbia estava à pia, esfregando panelas encardidas e quase vomitando novamente, mas não suportaria a ideia de comer algo preparado em tamanha falta de higiene. Lavando louças e olhando para o quintal à sua frente pelas frestas de uma cortina de rendas encardidas que decorava uma janela de vidros engordurados, viu dois carros pretos, muito luxuosos pararem logo adiante e deles descerem sete homens de ternos finos pretos com riscas de giz brancos, gravatas vermelhas, camisas e chapéus pretos e óculos escuros e um, mais baixo que os outros, de terno branco, com riscas de giz pretos, camisa preta, gravata vermelha e chapéu branco.
Ainda lavando as louças, pensou que talvez eles fossem dançar Moonwalker ali mesmo, mas logo essa impressão foi desfeita pela imagem de um dos homens de preto levantando um cilindro longo e apontando em direção à sua janela. Arregalou os olhos, ficou branca como o terno daquele homem mais baixo, virou-se para trás e olhando assustada para seu marido que se sentava em uma cadeira, na cabeceira da mesa carcomida por cupins, localizada na parede oposta à da pia e gritou:
- Cuidado! Abaixa! – disse isso, já inclinando sua cabeça para o lado e viu, em câmera lenta, algo flamejante passando perto de seus cabelos vermelhos, por cima da mesa e voar em direção à cabeça de seu esposo, que caiu para trás com a cadeira e viu o objeto flamejante passar por cima de si e arrebentar a parede. Rúbia, vendo aquilo, lembrou-se do filme Matrix. Muitos outros filmes já se utilizaram da tecnologia daqueles efeitos, mas só lembrou deste.
Era uma granada, ou algo assim, pois explodiu do lado de fora da casa. A intenção era que explodisse dentro da casa, mas a frágil parede desta vez foi camarada. Todos já estavam deitados no chão quando rajadas de balas de metralhadoras, em um barulho ensurdecedor, começaram a arrebentar tudo o que encontravam pela frente dentro da casa, pratos, copos, armários; eram estilhaços e vidros voando por toda a cozinha.
Rúbia e Mondrongo decidiram arrastar-se a outro cômodo. Chegaram a um quarto, viram ratos correndo, fecharam a porta e ficaram encolhidos em um canto. A avozinha continuou na cozinha. O barulho das metralhadoras cessou. Mondrongo quis voltar à cozinha para salvar sua avó. Rúbia não deixou e, começando a chorar, implorou para que ele ficasse ali junto dela.
Em seguida, começou ouvir-se uma gritaria em italiano (como se isso não fosse comum!) que nem Mondrongo estava conseguindo entender. A gritaria foi diminuindo, ficando longe, ouviu-se barulhos de carros arrancando e um súbito silêncio.
Decidiram sair do quarto. Mondrongo acreditava que iria encontrar sua nona morta no chão da cozinha. Suas roupas estavam imundas por conta de terem se arrastado no chão da casa. A cozinha estava destruída e não havia corpo. Mondrongo lembrou-se de ter escutado um deles falar: ‘Hoje a senhora vai com a gente!’ e disse:
- Acho que era a máfia! Eles levaram minha nona! Temos que salvá-la!
- Temos que ir embora daqui! Isso sim! – esbravejou Rúbia! – Nós viemos aqui comemorar nossos vinte anos de casados e não bancar os heróis de filme americano!
Mondrongo teve de concordar. Foram ao carro e rumaram de volta à estradinha a caminho do aeroporto para devolver o carro e tentar antecipar suas passagens que estavam reservadas para o dia seguinte.

***


Conseguiram antecipar a viagem em um dia, não seria para agora, mas para daqui quatro horas. Estava ótimo para os dois. Não tinham fome e resolveram pagar para tomarem um banho num dos banheiros do aeroporto, trocarem de roupas e aguardarem o horário de embarque.
Doze horas de voo e chegaram ao Brasil no início da manhã. Uma hora de táxi e chegaram em casa. Ao entrarem, encontraram as meninas, todas de pijama, tomando café da manhã. Elas correram ao encontro de seus pais. Michaelle agarrou a mãe, Rafaelle, pulou no pescoço do pai, apesar de já ser bem grandinha, e as outras três abraçaram todos juntos.
Danielle perguntou se tinham conhecido a sua bisavó, como ela era, como foi a viagem e tudo o mais, e Rúbia disse:
- Ah, minha filha, nem queira saber! Nem queira saber! – e resolveu: - Vamos tomar café todos juntos, vamos!

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