IV - Uma quermesse...


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Rúbia na Festa Junina
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Era uma noite agradável de junho. Um sábado. Então Rúbia e seu namorado Mondrongo resolveram ir até à quermesse de São João que estava sendo realizada em um parque do bairro. Havia várias barracas de comidas típicas e de jogos, além de brinquedos de diversão, como roda-gigante e carrossel.
Rúbia trajava um vestidinho estampado de flores com babados de renda e manguinhas bufantes, chapéu de palha (não havia necessidade de tranças no mesmo, pois seus longos cabelos ruivos deram conta do recado), sapatinhos pretos e meias brancas até os joelhos. Mondrongo vestia calças jeans com barras dobradas e vários remendos vermelhos, sapatos pretos, chapéu de palha (sem trancinhas), camisa xadrez flanelada e um lenço vermelho amarrado no pescoço.
Os dois passeavam alegremente pelo local – ele tomando quentão e ela, um vinho quente – quando avistaram um grupo de palhaços entretendo algumas pessoas na festa. Mondrongo, então, perguntou:
- Você gosta de palhaçada? (...)


Atenção!
Peço a todas as pessoas cardíacas, gestantes, asmáticas, estressadas, sem senso de humor, portadoras de crianças de colo, portadoras de deficiências físicas ou psicológicas, menores de 18 ou maiores de 65 anos, que parem de ler a história nesta parte!
Se preferirem continuar lendo, peço para que se sentem e estejam cientes de que não posso me responsabilizar por qualquer mal-estar que a próxima, e talvez, mais engraçada piada da historinha possa causar a você!


(...) Mondrongo, então, perguntou:
- Você gosta de palhaçada?
E Rúbia, espirituosamente, respondeu:
- Palha assada? Não! Prefiro milho cozido!
E os dois caíram na gargalhada!!! Abraçaram-se e se beijaram!
Resolveram, então comer alguma coisa. Foram, claro, até a barraca do milho. Rúbia quis seu milho cozido e Mondrongo pediu uma pamonha doce.
Continuaram passeando, conversando e admirando toda aquela regionalidade e tipicidade das pessoas na quermesse. Andaram de roda-gigante. Mondrongo ganhou um tigre branco enorme em forma de urso de pelúcia, derrubando o número 27 na barraca de tiros e presenteou Rúbia com o mesmo. Ela ficou muito contente e o beijou bastante. Sentiu um volume crescendo nas calças jeans de Mondrongo e, coincidentemente, avistou algumas pessoas tentando escalar o pau-de-sebo, onde se encontrava o prêmio máximo da festa e seria garantido a quem o escalasse até o fim.
Rúbia ficou maluca pelo pau-de-sebo e quis de qualquer forma escalá-lo. Mondrongo disse que era melhor não tentar. Mas Rúbia insistiu tanto, esperneando e pulando com os braços entrelaçados na nuca dele que o mesmo acabou comprando um tíquete para que ela pudesse subir.
Quando chegou sua vez, estava eufórica. Começou a subir e parecia que ia conseguir mesmo. Estava determinada. Os homens embaixo estavam todos adorando, pois podiam ver sua calcinha que já não se escondia mais devido à altura em que Rúbia se encontrava. Quando chegou ao topo, descobriu uma chave e a pegou. Começou a descer e foi muito aplaudida, principalmente pelos homens. Ao descer, pulou de alegria no pescoço de Mondrongo.
Foram até a barraca da organização para saberem o que Rúbia tinha ganhado. Qual era seu prêmio.

***


Tamanha a surpresa quando descobriram que se tratava da chave de uma moto Honda de 250 cilindradas. A sorte estava do lado deles mesmo.
Resolveram ir para casa, mas antes Rúbia sentiu vontade de comer uma maçã-do-amor e Mondrongo quis comer uma batata-doce; então Rúbia quis voltar à barraca de doces e comprou duas paçocas-de-rolha. Mondrongo, intrigado, perguntou porque quisera tais paçocas. E Rúbia, gargalhando, respondeu:
- Porque com essa batata-doce que você está comendo, vai precisar das paçocas para não me assustar com rojões e fogos de artifício! Hahaha!!!
Mondrongo fez uma cara feia, mas entendeu a piada e, com as gargalhadas gostosas de Rúbia, começou a rir também.
Mondrongo empurrava a moto, calmamente e Rúbia trazia o tigre no colo. Estavam já saindo do local da quermesse quando foram surpreendidos por um sujeito mal-encarado vestindo uma roupa de couro, coturnos e uma bandana amarrada à cabeça, que os perguntou as horas. Mondrongo já estava puxando o punho de sua camisa para visualizar o relógio; mas, antes que o mesmo pudesse ver as horas, o sujeito já havia sacado uma arma e, apontando para a testa de Mondrongo, disse:
- É hora de passar a moto!
Rúbia soltou um leve grito e o agora assaltante sugeriu que calasse a boca e apontou o revólver em sua direção.
Mondrongo tentou conversar, pedindo calma ao ladrão e o mesmo, voltando a apontar a arma na direção de sua testa, disse, em tom mais ameaçador:
- Passa a moto!!! – e prosseguiu – A garota vem junto!!!
Mondrongo tentou negociar:
- Por favor, leve a moto, dinheiro, celulares, mas deixe a garota!!!
Rúbia chorava!
- A única coisa que eu vou deixar, é você vivo, ainda assim, se cooperar!!! – ameaçou o bandido.
Mondrongo não viu escolha e largou a moto. Tentou puxar Rúbia e correr, mas pôde observar a arma ser apontada para Rúbia e ouviu o assaltante dizer:
- Se tentar levá-la, eu atiro é nela, certo mano?!!!
Mondrongo se viu sem alternativas e congelou.
- Sobe na moto, gatinha! – ordenou o ladrão.
- M-mas... eu-eu n-não sei andar de-de m-m-moto! – soluçou Rúbia.
- Eu te ensino, gracinha! Anda logo!
Rúbia subiu na moto e o meliante sentou-se atrás dela, na garupa, apontando a arma para sua cabeça. Explicou como ligar e como começar a andar.
Partiram!

***


Mondrongo, desesperado, correu para encontrar ajuda policial.
Os dois na moto seguiram para uma estrada muito escura e deserta cercada nos dois lados por enormes matagais. Só lhes era possível enxergar o que o farol da moto iluminava e o vento que soprava nos dois era congelante. Ele a ensinava como trocar de marchas, tomando o devido cuidado para manter o equilíbrio. Solicitou que entrasse em uma clareira à esquerda e que continuasse. Rúbia pensava em como já estavam longe da cidade, pensava naquela arma apontada em sua têmpora e ficava cada vez mais assustada.
O sujeito pediu que parasse a moto. Tirou Rúbia de cima da mesma e a atirou no chão. Rúbia caiu sobre seu braço e sentiu um estalo dolorido. O bandido deitou a moto e partiu para cima de Rúbia deitada no chão. Ela começou a gritar e levou um tapa no lado esquerdo do rosto. O assaltante amarrou suas mãos para trás e a deitou novamente. Rúbia ficou praticamente indefesa. Então ele sacou uma faca de sua bota e, de joelhos, inclinou-se em direção ao corpo de Rúbia; rasgou um pouco de seu vestido acima dos seios e rasgou, também, a frente de seu sutiã, deixando seus seios à mostra. Neste momento, Rúbia cuspiu no rosto do marginal e levou outro tapa, desta vez com a mão esquerda dele acertando sua face direita. O ladrão lambeu, nojentamente, sua orelha direita e disse, pausadamente:
- Cala a boca e fica quieta, sua vagabunda!
Foi descendo a faca, deslizando-a por sobre o vestido florido, dos seios até a barra rendada. Espetou a faca, ameaçadoramente, na terra e foi direto com as mãos na calcinha (que quase todos os homens presentes na quermesse já haviam visto), começou a puxá-la para baixo e disse:
- Levanta essa perninha, boneca!
E Rúbia, quase que por instinto, sem pensar muito, levantou a perna com enorme força e coragem, acertando-lhe o saco. Os olhos do homem estalaram ante a dor, foi tomado de uma dor incontrolável que começou a subir de sua região pélvica, passando por seu abdômen e tórax, até chegar à sua garganta. Não sabia se colocava suas mãos no saco ou na garganta, mas sentiu que se não cuspisse iria sufocar. Quando cuspiu, viu duas bolas meio avermelhadas saltarem de sua boca. Rúbia e o homem tinham certeza de que aquelas bolas eram seus testículos.
O ladrão gritava de dor e xingava, mas não conseguia se levantar. Rúbia se encolheu e conseguiu passar suas mãos amarradas por baixo das pernas até que ficassem à frente de seu corpo. Levantou-se, conseguiu libertar as mãos e ergueu sua calcinha. O bandido se contorcia. Rúbia foi em direção à moto para levantá-la; sentiu um pouco de dificuldade, mas levantou-a. percebeu que o homem começava a se levantar para pegá-la. Então, sem largar a moto, Rúbia deu-lhe um forte chute na boca; isso fez com que seu pé começasse a doer muito ao chocar seus dedinhos contra aqueles dentes duros, mas viu sangue escorrer e o homem cair novamente.
Montou na moto e tentou dar a partida. Sem sucesso. Tentou novamente e nada. Achou que não ia conseguir. Olhou para trás e viu o bandido começando a levantar-se e cambalear em sua direção. Desesperada, tentou mais uma vez e ouviu o ronco da moto que, agora, parecia uma suave orquestra sinfônica tocando “As Quatro Estações” de Antonio Vivaldi e, aliviada, partiu de volta à estrada.
Sentiu alívio ao se ver livre de um estuprador em potencial que acabara de perder seus testículos e pavor ao imaginar não conseguir achar o caminho de volta para casa. De repente, em sua cabeça, começa a escutar “Born To Be Wild” do Steppenwolf, mas não consegue entender o porquê. Sente vontade de cantar, mas ao mesmo tempo não se sente alegre o bastante para tal. O medo é maior. ‘Quem canta seus males espanta’, ela pensa, mas não é suficiente.
Vai aprendendo a andar de moto, lembrando-se do que o assaltante havia ensinado. Em certo ponto da estrada, vê uma viatura da polícia se aproximando, com faróis altos, sirenes e luzes piscantes ligadas. Prefere não parar para pedir ajuda, nem para avisar de onde se encontra o ladrão-estuprador-filho-da-puta. Afinal, ele já perdeu as bolas! Talvez a polícia tenha sido acionada por Mondrongo. Mais para frente tem a impressão de ter visto o Batman também, em cima de uma árvore, mas acredita ter sido fruto de sua imaginação perturbada. Só pensa em ir para casa e descansar.

***


Percebe que está próxima de casa ao avistar as luzes da quermesse ainda acesas, mas passa longe. Lembra-se de Mondrongo, mas prefere ir para um lugar seguro, sua casa, seu quarto, sua cama, seus sonhos. É mais seguro!
Sua casa tinha garagem, mas não tinha carro. Guardou a moto. Ao entrar em casa, ouviu um barulho. Ficou assustada! Pensou se talvez tivesse deixado a televisão ligada. Não consegue se lembrar. Caminha do cômodo de entrada para a sala. Tudo está escuro, mas há uma claridade oscilante vinda de lá. Ao chegar à sala, percebe que a televisão estava realmente ligada transmitindo um filme qualquer com o Charles Bronson ou o Chuck Norris, não sabe ao certo. De onde está pode ver a televisão de frente e o sofá de costas para ela. Ao reparar bem, enxerga algo como uma cabeça salientando-se acima do encosto do sofá e congela de medo.
Larga as chaves no carpete, que não fazem barulho. Sua garganta se fecha e nenhum som consegue se pronunciar, apesar da boca aberta. Sem desviar os olhos, que já lacrimejam, começa a tatear na parede atrás de si para encontrar o interruptor. Ao encontrá-lo, acende a luz e percebe que se trata da cabeça de alguém sentado assistindo à televisão e solta um estridente e alto grito que faz com que aquele que estava sentado no sofá, pule quase dois metros de altura de susto.
Ao ver seu rosto, percebe se tratar de Mondrongo que estava cochilando em seu sofá, e então, ajoelha-se no chão chorando e soluçando desesperada com as mãos no rosto. Mondrongo pula por cima do sofá a seu encontro e a abraça forte perguntando se estava bem. Ela diz:
- Cadê o meu tigre?
- Me diga como está, Rubiazinha! – ele insiste.
- Onde está meu tigre? – ela choraminga.
- Me diga o que te aconteceu! – ele insiste mais, segurando seu rosto – A polícia a encontrou? Aquele bandido te fez alguma coisa, querida? Me responda, por favor!!!
- E-estou bem! Você perdeu meu tigre, né? Seu desnaturado! – ela grita!
- Não, Rúbia! Eu não perdi. Ele está aqui! Mas você precisa se acalmar!
Então ele a levanta e a leva ao banheiro para dar-lhe um banho. Após o banho ele a enxuga e a leva para o quarto dela, onde Rúbia vê seu tigre e corre para agarrá-lo. Ela se deita nua e abraçada ao tigre. Mondrongo pergunta se ela quer tomar um chá quente e ela, fungando, responde que não. Ele, então, começa a fazer cafuné a alisar seus cabelos com as mãos. Ela aceita seus carinhos e vai se aninhando cada vez mais próxima dele. Ela puxa sua mão, a beija e, dando um sorrisinho de carência, coloca-a em seu seio direito.
Mondrongo começa a beijá-la na boca, no pescoço, nas orelhas, nos seios. Rúbia retribui. Mondrongo tira sua roupa para ficar mais à vontade e encosta seu corpo no dela. As carícias ficam mais íntimas.
E, numa enorme explosão de desejo, fazem amor durante todo o resto da noite até de manhã. Rúbia não largou seu tigre nenhum segundo sequer. Dormiram até tarde no domingo!

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